O fenómeno conhecido popularmente como “chuva de estrelas cadentes” acontece todos os anos, desde meados de julho até finais de agosto, período em que a Terra travessa a região de maior densidade de partículas sólidas deixadas por um cometa descoberto em 1862 por dois astrónomos cujos apelidos lhe deram o nome: Swift – Tuttle. Três anos depois, o astrónomo italiano Giovanni Schiaparelli sugeriu que os meteoros observados em julho-agosto estão associados à trajetória do Swift-Tuttle, astro vagabundo que completa uma volta ao Sol em cada 133 anos. A última vez que passou à menor distância do Sol foi em 1992, significando isso que só no ano de 2125 ele voltará a “reabastecer” o rasto de partículas e, então, a tornar as “chuvas” seguintes mais intensas.
No entanto, continuam a prender a atenção de quem gosta de passar algumas horas a olhar o céu, em particular se tiver disponibilidade para o fazer em locais onde a iluminação noturna não exista ou seja pouco intensa. É verdade que poderão ocorrer circunstâncias que estraguem o espetáculo, como noites de Lua Cheia ou … pior, um céu completamente nublado. Este ano, o luar não incomodará muito, dado que a Lua Nova ocorrerá no dia 8 de agosto e as “Perseidas” (nome dado a estas “estrelas cadentes”, por parecerem “sair” da constelação de Perseu) serão em maior número nas noites (madrugadas) de 10, 11 e 12, datas em que a Lua reenviará para a Terra uma pequena porção da luz solar que reflete e se esconderá – no horizonte, a oeste – pouco depois do por do Sol.
Um meteoro é fenómeno que se observa sem a necessidade de binóculos ou telescópios e a forma mais interessante de ver um ou outro e seguir a sua trajetória é ter a possibilidade de avistar a maior porção possível da (aparente) meia esfera que sempre temos acima do horizonte. Desse modo, será mais provável ver um traço luminoso à nossa frente ou ao lado, ao passo que um instrumento ótico (binóculo ou telescópio) “vê” apenas uma pequena parte do céu, e tanto menor quanto maior for o fator de ampliação.
Mesmo sabendo isto, muitas são as pessoas que preferem juntar-se e, em grupo, observar e comentar, não só o número e aspeto de meteoros, mas também outros detalhes observáveis no céu das noites escolhidas.
Para este este mês de agosto estão programadas várias sessões de observação, em diversos locais do país – na sua maioria integradas no programa “Ciência Viva no Verão” – nas quais, para além da contagem dos meteoros e do brilho diverso que apresentam, também se identificarão estrelas e constelações e … enquanto se aguarda que surja no horizonte a constelação do Perseu, se contemplarão as imagens de Saturno e de Júpiter, planetas que se tornarão facilmente visíveis bem antes da meia noite.
O Centro Ciência Viva de Constância realizará duas dessas sessões – nos dias 10 e 11 – num local descampado, à beira do Tejo, nas quais, ao desafio de “ver” quem descobre mais “estrelas cadentes” (podendo também pedir desejos, se acreditar que eles se concretizem pela simples observação de um traço luminoso), se juntará o prazer de conversas sobre a quantidade de partículas que entram na atmosfera terrestre – de dia e de noite – as razões de alguns meteoros apresentarem cores diferentes, o que faz com que poucos deles resultem em meteoritos ou … como seria interessante encontrar um desses pedaços que, embora raramente, não se consome completamente na atmosfera e atinge a superfície terrestre.
Nas noites de 12 e 18 – ainda dentro do período em que são observáveis Perseidas – os programas têm como objetivo juntar alunos e familiares (e outros participantes) nos ambientes escolares e, a partir deles, relacionar aspetos do céu com matérias curriculares, em ambiente descontraído e com imagens de objetos celestes (Júpiter, Saturno, nebulosas, enxames de estrelas e galáxias). Na primeira data (11 de agosto) a ação “Á noite na Escola” terá lugar no Centro Escolar de Montalvo e a do dia 18 decorrerá no Centro Escolar de Santa Margarida.
Entre as duas – no sábado, dia 14 – a atividade “tomar do Sol a altura e compassar a universal pintura” será realizada no Jardim-Horto de Camões e, embora dedicada à navegação astronómica, evocará o poeta e algumas «passagens» de Os Lusíadas.