Este é um tema estimados leitores que me persegue e me obriga a múltiplas reflexões, não só porque sou mulher mas porque me assaltam as mais diversas ideias sobre esta matéria, densa, complexa, diversa e difusa.
Eu acredito que o feminismo morreu, porque nos foi dito como sociedade e foi dito às mulheres que depois da revolução industrial a vida das mulheres seria mais fácil e mais equivalente à qualidade de vida dos homens. Esta é uma mentira insuportável que precisa de ser desmistificada. A verdade é que depois de se inventarem as máquinas de lavar, de secar, as máquinas de lavar a louça as mulheres tornaram-se ainda mais um objecto multi-functional. A máquina seja ela qual for não começa a lavar sozinha ou sem programação… a mulher tornou-se não só no pilar que deve manter a casa, assim como tratar dos filhos, a mulher moderna tem agora um trabalho a tempo inteiro fora de casa, deve ser sexy, simpática, boa amante e quem sabe psicóloga do marido, das amigas ou do namorado que possa ter.
As histórias de violência doméstica e de mortes resultados de crimes passionais abafam as outras histórias: aquelas que falam das depressões, de ataques de pânico ou aqueles cenários que falam do sofrimento das mulheres no silêncio da ansiedade. Todas as mulheres a determinado momento das suas vidas deixaram de gostar do próprio corpo ou até mesmo e ainda pior de si próprias.
Quantas vezes ouvimos dizer: «Não gosto das minhas ancas»… «estou muito gorda ou estou muito magra»… uma asfixia social permanente, em todas as classes sociais em todos os países do mundo. Muitas celebridades reagem ao fenómeno e chamam-lhe body shaming quando atacadas nas redes sociais por este ou aquele motivo sobre a disposição física. Temos de parar e pensar o que estamos a construir e a fazer como sociedade e mais em particular que estamos a fazer às mulheres.
Os Eco-feministas acreditam que quem faz mal à natureza faz mal às mulheres. E o que que fazem então as mulheres que fazem mal a si próprias? A bulimia, a anorexia nervosa são doenças de que sofrem muitas mulheres e quantas vezes mantidas em segredo? Quantas mulheres cortam os pulsos para poderem sentir alguma coisa? Esta última frase ouvi de uma adolescente que estudou comigo na Escola Secundária de Amarante. Ela cortava os pulsos com uma navalha pouco afiada durante os intervalos das aulas e escondia os golpes com pulseiras multi-cores.
Depois existe a confusão: mulheres feministas não gostam de homens. Outra mentira insuportável. Considero-me uma feminista que gosta e que precisa de homens. Não precisar do apoio financeiro (que muitas vezes gera a tal situação de dependência) mas de gostar por apreciar um abraço ou um carinho como qualquer ser humano minimamente vivo ou sociável.
Parem por favor com essas histórias da treta, que mulheres independentes são mais fortes ou poderosas. Parem com essas histórias de meninos e meninas a ver quem é mais capaz! Tratem mais do vosso espírito e da vossa mente do que do vosso género!
Esta crónica estimados leitores é o princípio de uma luta que faço questão de travar até ao fim. Quem vos fala é a Paula, não é a mulher, a vagina mas o ser humano que tecla estas palavras.
Bem-haja a todas as feministas, anti-feministas ou distorcidos e confusos