Poucos portugueses levaram a sua lenda tão longe como este poeta-profeta beirão de Trancoso, e se alguns ainda têm dúvidas sobre a sua influência no imaginário lusíada, é de bom tom que se contenham no denegrir da imagem do enigmático sapateiro.
As trovas do “Nostradamus Português”, aquele cujo “coração não é português, mas Portugal” no dizer apurado de Fernando Pessoa, tiveram grande impacto durante o Período Filipino (1580 a 1640), pois Bandarra reclamava com veemência que Portugal restauraria a sua independência como reino, e havia mesmo uma data quase precisa e um nome para isso: 1640 e o Duque de Bragança, que tomaria o nome de D. João IV. É o que se pode depreender de uma das suas famosas trovas: “Antes que cerrem quarenta, [1º de dezembro de 1640] / Erguer-se-á a grão tormenta. / Saia, saia esse infante bem andante: / O seu nome é D. João / Tire e leve o pendão e o guiam / Poderoso e triunfante.” (...)
Nascido em Trancoso, muito provavelmente em 1500, um dos aspetos que mais intriga em Gonçalo Annes Bandarra é o facto de, sendo um simples sapateiro de calçado de correia de um local remoto do país, entre sovelas nas viras e os couros cosidos, ter aprendido a ler e a escrever numa altura em que tal era muito pouco comum em Portugal. (...)
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