As eleições de 26 de setembro já foram. Os resultados estão aí. Cabe aos analistas fazerem a sua leitura e as repercussões que terão nos próximos quatro anos. No que toca a factos, parece-nos relevante que a representação dos partidos à esquerda do PS seja cada vez mais reduzida e a bipolarização entre socialistas e social-democratas, coligados ou individualmente, seja cada vez mais evidente. Não é bom para a democracia.
No que diz respeito aos executivos camarários, com consequências nos restantes órgãos autárquicos, nos concelhos de abrangência de abarca, o único caso contra corrente foi o Gavião. Para este Município, fiel ao partido rosa desde sempre, foi eleito um vereador da CDU. Nos restantes, a CDU perdeu um vereador em Constância, manteve um na Chamusca e em Ponte de Sor. Ou seja, a Coligação Democrática Unitária elegeu apenas três vereadores. Em relação às autárquicas de 2017 houve a perda de um elemento nos executivos.
A situação agrava-se quando o escrutínio ditou resultado idêntico ao Bloco de Esquerda. Neste caso, o BE perdeu o vereador em Abrantes, Entroncamento, e Torres Novas. Não elegeu em nenhum dos concelhos representantes no executivo. No Entroncamento o vereador do BE “deu lugar” a um do CHEGA, o único concelho em que este partido elegeu para a Câmara Municipal.
“No entardecer da terra, / O sopro do longo outono / Amareleceu o chão./ Um vago vento erra, / Como um sonho mau num sono, / Na lívida solidão”. (Canção de Outono, de Fernando Pessoa).
O equinócio ocorre em finais de setembro, mas é outubro o mês do Outono. O tempo em que as árvores se despem sem que antes as suas folhas, em fim de vida, adquirirem as cores quentes. Despedida triunfante de um ciclo frutífero e verdejante com que sombrearam os espaços. A natureza sabe como deve comportar-se, o mal é a tentativa humana, normalmente desastrosa, de interferir nos ciclos naturais.
Mas outubro, que no meu tempo de criança e dos da minha geração marcava o início das aulas, dia 7 a não ser que fosse domingo, inicia-se com o Dia Mundial da Música, não sei se por acaso ou se pelo menos no hemisfério norte dar conforto à invernia que se aproxima.
E por falar em música, esta edição de abarcaencontrou em Ferreira do Zêzere uma das únicas oficinas de acordeões do país. O proprietário e fundador descobriu a sua arte por acaso, se é que o acaso, e dedicou-se de alma e coração ao fabrico e restauro de um instrumento com fortes tradições populares.
Do restante deixou à curiosidade do leitor e só para acicatar um pouco vale a pena saber mais sobre a vida de um ex-director da ESTA, Luís Ferreira, das três irmãs que se dedicam à protecção de animais, ou da história de Bandarra, o sapateiro de Trancoso, entre outros temas, sem esquecer, obviamente, os nossos cronistas.