O título foi escolhido para designar um Projeto (suportado por livro que pode ser obtido – gratuitamente – da internet) e que é consequência de um outro (Projeto 2061) iniciado em 1986, quando o cometa Halley esteve mais perto da Terra. Em ambos os casos, o objetivo é sensibilizar cidadãos em geral para o interesse de possuir conhecimentos de ciências relacionadas com os astros, conhecimentos esses que permitam relacionar a vida do dia-a-dia com aspetos da história e do presente, que evidenciem a relação dos seres humanos com o mundo em que vivem, quer se trate dos objetos visíveis no céu (de dia ou de noite) quer, em particular, das condições existentes na Terra.
O Projeto 2061 tinha (e tem) a intenção de, baseado na convicção de que é possível que cada um de nós desenvolva uma vida normal (estudante, profissional, familiar e social), fazer com que nos mantenhamos paralelamente “ligados” a outros temas que nos acompanham em cada dia de tal vida. Em 1986, o cometa Halley (de que já ouvimos ou lemos referências) esteve mais perto da Terra e … conhecimentos simples de astronomia e de matemática garantem-nos que voltará 75 anos depois. Então, foi disseminada a ideia de - nos mais diversos pontos do planeta – criar eventos e recursos para que o maior número possível de cidadãos (em particular aqueles que, entrando, naquela época, na vida escolar, terão possibilidade de, em 2061, voltarem a ver o Halley) registarem pormenores ambientais na região em que vivem, adquirirem algumas ideias sobre os conhecimentos acerca da constituição dos cometas, das razões por que se produzem as magníficas caudas quando passam nas “proximidades” do Sol, ou como fazemos cálculos, análises e construímos naves que lançámos ao seu encontro. De seguida, elaboraram-se estratégias com vista a “prender” os cidadãos mais novos à curiosidade de, ao longo das vidas, irem comparando os sucessivos avanços nos conhecimentos teóricos e nas tecnologias – como que elaborando um “diário” a ser “lido” em 2061 - para, então, ser possível comparar as alterações ocorridas, em três quartos de século, nas condições de vida e na eficiência de utilização e preservação de recursos existentes no nosso planeta e nas nossas cabeças.
Grandes Ideias em Astronomianasceu recentemente, no seio do Gabinete para a Divulgação da Astronomia, da União Astronómica Internacional (UAI), cujo lema é “Astronomia para Todos”. Do grupo de autores, fazem parte homens e mulheres de vários pontos do mundo (Portugal, Brasil, Países Baixos, Alemanha, Austrália e Estados Unidos) que, em 11 ideias resumem (em apenas 72 páginas) o que consideram que cada cidadão “precisa de saber sobre Astronomia e o Universo, em linguagem direta e do dia-a-dia, em várias línguas”. Naturalmente, a língua portuguesa está incluída, mercê da intervenção de co-autores do Brasil e de Portugal, neste caso quase todos(as) inseridos(as) no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e a estrutura do pequeno livro torna a sua leitura muito simples, concisa e convidativa a devorar de uma só vez as sete dezenas de páginas.
Depois de breves referências às etapas fundamentais da constituição da Astronomia como ciência e aos fenómenos diversos que podemos observar todos os dias, surge uma recordação de como o céu noturno se mostra repleto de objetos (ao alcance dos olhos humanos ou de modernos equipamentos) e como ele se altera regularmente, constituindo um autêntico “laboratório” onde a curiosidade (mesmo) do cidadão comum pode perceber a semelhança entre estrelas, nebulosas, atmosfera, solo, plantas e animais terrestres e a própria constituição dos nossos corpos ou do sangue que nos corre nas veias.
Este último tema é abordado na “ideia 8” (Somos todos feitos de poeiras de estrelas) e abre a porta para a ideia fantástica que a ciência nos coloca como certeza de que “Podemos não estar sozinhos no Universo” e - mais importante (Ideia 11) - “Temos de preservar a Terra, a nossa única casa no Universo”. Inevitavelmente, aqui, (Ideia 11), são apresentados argumentos sobre os malefícios da poluição luminosa noturna sobre os seres vivos desde sempre habituados ao ritmo dos dias a das noites, os primeiros iluminados pela luz natural do Sol e as noites em que apenas o ciclo das fases lunares provoca, regularmente, a ausência de uma escuridão absoluta, e ainda, a contaminação a que vamos sujeitando a atmosfera terrestre, tornando progressivamente insustentável a vida num planeta que, pela constituição e pela posição privilegiada (nem muito perto nem demasiado longe do Sol), é o único é que a vida – tal como a conhecemos – poderá existir … no nosso Sistema Solar.
Grandes Ideias em Astronomiapoderá ser obtido – gratuitamente – acedendo (pela internet) a Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Portugal e procurando o título e, de seguida, clicando em “versão portuguesa”.