Estimados leitores, a crónica deste mês chega em forma de nostalgia ou de perplexidade. Nesta altura no norte de Portugal era comum durante a minha infância não só as festas dos magustos como a matança de porcos.
A matança de um porco era sempre motivo de grandes festividades e a comida era uma delícia. Fazíamos o fumeiro juntos e lutávamos em miúdos entre nós para comermos “sarrabulho” – nome dado ao sangue do porco cozido com açucar.
Recentemente descobri que o método aplicado na matança do porco ou até na matança de um galo caseiro ainda usados no norte de Portugal é o mesmo usado em muitos países àrabes e o mesmo método é proibido em muitos países europeus como a Bélgica.
Na Bélgica os animais levam primeiro um choque para ficarem dormentes e depois é permitido cortar-lhes a cabeça, a ideia aqui é demonstrar empatia pelo animal...eu acho tudo isto uma hipocrisia quase senil: se por outro lado os mesmos animais sempre viveram em cativeiros, às vezes apinhados em montes, sem ver quase a luz solar apenas a luz eléctrica para depois...serem civilizadamente electrocutados para serem comidos.
Eu adoro animais e respeito o direito dos animais,mas também eu sou um animal e sou um ser omnívoro. Eu como carne, vegetais, grãos...essas histórias da carochina de nós termos compaixão pelos animais, sermos vegetarianos ou vegans só se aplica em muitos casos porque temos possibilidade de escolha e não estamos a morrer à fome.
Acharia de mais valor ajudar centenas de populações africanas ter acesso à água potável do que em dias de Domingo nos sentarmos à mesa a apreciar o nosso bife de tofu para provarmos que nos importamos muito com o consumo da água no nosso planeta.
Haja coerência estimado leitor! Haja equilíbrio e bom senso nas nossas decisões!