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03 FEV 2022
COVID-19 | Pandemia com fim à vista?
Por Jornal Abarca

Alguns países começam a anunciar o regresso a uma vida normal, acreditando que as altas taxas de vacinação aliadas à variante Ómicron fazem com que a doença já não represente uma ameaça à saúde global.

A 11 de Março de 2020, quase há dois anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a oficialmente a Covid-19 como uma pandemia, accionando todos os alarmes a nível mundial.

Esperar que não exista transmissão de casos para decretar o fim da pandemia é utópico. O vírus veio para ficar e, eventualmente, permanecerá na sociedade durante vários anos. A diferença é que pode deixar de ser considerado um perigo para a saúde pública, muito por causa do sucesso do processo de vacinação.

Comparando o inverno de 2020/2021 com o de 2021/2022 chegamos à conclusão de que o alívio das medidas de restrição e a variante Ómicron fizeram aumentar o número de casos, mas o processo de vacinação reduziu de forma drástica os casos graves, concretamente internados e mortos.

Há, por isso, vários países a equacionar decretar o fim da pandemia, assumindo a Covid-19 como uma doença endémica.

 

Pontapé de saída
A 23 de Janeiro o responsável da OMS para a Europa, Hans Kluge, defendeu que “é plausível que a região esteja a chegar ao fim da pandemia” e que nesta fase as políticas de saúde se devem centrar em “minimizar a disrupção e em proteger as pessoas vulneráveis”, ao invés de tentar diminuir a intensidade de transmissão do vírus.

Isto reflecte a sensação de que a variante Ómicron, juntamente com o processo de vacinação, consolidarão a médio prazo a imunidade de grupo. Assim, a prioridade já não é evitar contágios – visto que raramente resultam em casos graves –, mas sim actuar de forma veemente junto dos casos mais preocupantes. Esta teoria defende também que quanto mais pessoas estiverem protegidas – através de vacinação e/ou contágio –, menos risco existirá para a camada mais vulnerável da população em ser contagiada.

A declaração de Hans Kluge é um momento forte que marca o pontapé de saída para o virar de página nesta fase negra da história da humanidade. Mas, mesmo que a OMS determine oficialmente o fim da pandemia, cabe a cada país decidir a evolução das medidas de emergência e restrição a tomar dentro do seu território.

 

Países europeus avançam
Há quem tema que se esteja a dar um passo precipitado, mas são cada vez mais as vozes que defendem um regresso à vida normal. E são já alguns os países que oficializaram essa intenção.

Primeiro foi a nossa vizinha Espanha, a 11 de Janeiro, que assumiu querer tratar a Covid-19 como uma gripe chegados a esta fase: o “modelo Sentinela” pretende terminar com a contabilização diária de novos casos e o fim da realização de testes ao menor sintoma. Há já cinco comunidades autónomas espanholas que adoptaram um projecto piloto neste âmbito.

A 21 de Janeiro a Bélgica foi mais longe e anunciou o término de várias medidas de restrição por considerar que a propagação da Covid-19 está controlada.

A Dinamarca anunciou também, a 26 de Janeiro, o fim da Covid-19 como doença crítica e o fim de restrições a partir de 01 de Fevereiro: “Estamos prontos para sair da sombra do coronavírus, despedimonos das restrições e saudamos a vida que tínhamos antes. A pandemia continua mas já passámos da fase crítica”, anunciou Mette Frederiksen, primeira-ministra dinamarquesa.

 

Sim ou não?
Em Espanha há quem não veja com bons olhos estas medidas. Óscar Zurriaga, vice-presidente da Sociedade Espanhola de Epidemiologia e especialista de Saúde Pública na Universidade de Valência, considera precipitado avançar com medidas deste género: “É uma pandemia e deveríamos continuar a trabalhar com isso em mente”, referiu. A Associação de Médicos de Atenção Primária não concorda com a intenção de Espanha “gripalizar” a Covid-19 questionando se é “normal existirem 200 mortes diárias por uma doença”.

Por outro lado, o virologista português Pedro Simas defende que este passo seja dado: “Esta é a evolução normal dos vírus e das pandemias. É isso que a ciência nos diz ao longo dos últimos 100 anos” acreditando que apenas as assimetrias entre os vários países no processo de vacinação ainda seja um entrave à abertura a uma vida normal.

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