Que me desculpem os senhores professores de história nas imprecisões que possa cometer ou, por outras palavras, a ignorância que possa demonstrar quanto ao 31 de Janeiro de 1891.
Daqui por três dias irei votar. Ainda não sei onde vou fazer a cruzinha. Este dilema nas legislativas persegue-me há mais de doze anos pois tenho feito voto em branco, consciente! Porém, perante eleições presidenciais e autárquicas votei sempre. Sem dúvidas e hesitações. Este ano senti que tinha que quebrar este ciclo de voto em branco (já pareço um político a palrar) e “pôr a cruzinha”, pois devo contribuir para afastar esta “pintura abstracta” - frase do próprio.
Reza a história que no dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, cavalgando uma onda de descontentamento nacional face ao ultimato inglês (o expansionismo inglês reagiu à pretensão do nosso “mapa cor-de-rosa”) conspirava-se. Os republicanos acreditaram que a revolta teria adesão das forças militares. Mas não foi assim. Grande parte dos regimentos permaneceu nos quartéis e só o Batalhão de Caçadores 9, comandado por Sargentos saiu à rua. Posteriormente, juntou-se um Capitão e seu batalhão e direccionaram-se para os Paços do Concelho onde foi anunciada a implantação da República e constituição de um governo provisório. Quando as tropas revoltosas subiram a Rua 31 de Janeiro para se juntarem à Guarda Municipal, esta disparou sobre os miliares e civis que os acompanhavam. Foram derrotados e tivemos que aguardar até 1910 para ver, finalmente, a implantação da República. Mas foi um grande 31 de Janeiro!
Na próxima segunda feira, 31 de Janeiro de 2020, não no Porto, mas em todo o país, poderemos iniciar a implantação de um ciclo sui generis, ou dando sequência à linguagem política do nosso primeiro ministro, uma “plataforma de entendimento”. Haja paciência para estes vernizes que camuflam mais do mesmo. No ponto de partida eram “absolutos” agora vão cortar a meta só com uma linha vermelha, o Comandante Poveiro. Ganhe quem ganhar, que grande 31!
Porém, honras sejam feitas a quem desde o início sempre disse ao que vem, concorde-se ou não. E eu nunca votaria em alguns deles. Mas admiro a coerência.
Como no poema “Não sei por onde vou / mas sei que não vou por aí”. No dia 31 de Janeiro, não sei qual o meu estado de ânimo, mas algo me diz que será uma segunda-feira ainda pior que as outras.
Uma espécie de segunda ao quadrado.