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19 FEV 2022
OPINIÃO | "Mas que grande 31 na próxima segunda feira", por Ana Teixeira
Por Jornal Abarca

Que me desculpem os senhores professores de história nas imprecisões que possa cometer ou, por outras palavras, a ignorância que possa demonstrar quanto ao 31 de Janeiro de 1891.

Daqui por três dias irei votar. Ainda não sei onde vou fazer a cruzinha. Este dilema nas legislativas persegue-me há mais de doze anos pois tenho feito voto em branco, consciente! Porém, perante eleições presidenciais e autárquicas votei sempre. Sem dúvidas e hesitações. Este ano senti que tinha que quebrar este ciclo de voto em branco (já pareço um político a palrar) e “pôr a cruzinha”, pois devo contribuir para afastar esta “pintura abstracta” - frase do próprio.

Reza a história que no dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, cavalgando uma onda de descontentamento nacional face ao ultimato inglês (o expansionismo inglês reagiu à pretensão do nosso “mapa cor-de-rosa”) conspirava-se. Os republicanos acreditaram que a revolta teria adesão das forças militares. Mas não foi assim. Grande parte dos regimentos permaneceu nos quartéis e só o Batalhão de Caçadores 9, comandado por Sargentos saiu à rua. Posteriormente, juntou-se um Capitão e seu batalhão e direccionaram-se para os Paços do Concelho onde foi anunciada a implantação da República e constituição de um governo provisório. Quando as tropas revoltosas subiram a Rua 31 de Janeiro para se juntarem à Guarda Municipal, esta disparou sobre os miliares e civis que os acompanhavam. Foram derrotados e tivemos que aguardar até 1910 para ver, finalmente, a implantação da República. Mas foi um grande 31 de Janeiro!

Na próxima segunda feira, 31 de Janeiro de 2020, não no Porto, mas em todo o país, poderemos iniciar a implantação de um ciclo sui generis, ou dando sequência à linguagem política do nosso primeiro ministro, uma “plataforma de entendimento”. Haja paciência para estes vernizes que camuflam mais do mesmo. No ponto de partida eram “absolutos” agora vão cortar a meta só com uma linha vermelha, o Comandante Poveiro. Ganhe quem ganhar, que grande 31!

Porém, honras sejam feitas a quem desde o início sempre disse ao que vem, concorde-se ou não. E eu nunca votaria em alguns deles. Mas admiro a coerência.

Como no poema “Não sei por onde vou / mas sei que não vou por aí”. No dia 31 de Janeiro, não sei qual o meu estado de ânimo, mas algo me diz que será uma segunda-feira ainda pior que as outras.

Uma espécie de segunda ao quadrado.

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