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20 ABR 2022
OPINIÃO | "Do poder das ideias", por Paula T. Gonçalves
Por Jornal Abarca

Existe um filme chamado Inception, que fala sobre como o poder das ideias ou sonhos pode dar origem a uma realidade ou percepção diferente da realidade. Neste filme o «arquitecto» era o homem que criava as ideias ou sonhos e os implantava na mente de outros.

Este filme que pode parecer complexo ou difícil de compreender inicialmente pode ser o meio de percebermos não só o valor das ideias como a maneira como as construímos e as apresentamos aos outros. Uma ideia pode definir toda a realidade, o valor das coisas e até mesmo a nossa vida.

Existem duas histórias do mundo da moda que podem simplificar ou ilustrar o poder das ideias.

Os artesãos da Póvoa de Varzim faziam uma camisola que apesar de tradicional passava despercebida aos olhos da maioria de portugueses e de turistas até que um dia uma estilista americana copiou a camisola e a vendeu on-line como artigo original a 695 euros. A mesma camisola que antes era vendida pelos artesãos a 50 euros. O escândalo deu nome e voz aos artesãos da Póvoa.

Recentemente foi descoberta uma situação similar mas de magnitude ainda maior. Uma jaqueta sem mangas feita for artesãos da Roménia da região de Bihor foi vendida a 30.000 a peça quando o mesmo artigo feitos pelos artesãos custava cerca de 500 euros, este valor inicialmente pedido pelos artesãos da Roménia era o proporcional a um mês de salário, uma vez que o artesão se ocuparia o mês inteiro a produzi-la.

Este longo mês de Março marcado pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia fez-me reflectir sobre o poder da concepção das ideias. Uma ideia quando pensada é simplesmente uma ideia mas quando construída pode ser caminho para muitos acontecimentos, ideias, cenários e consequências.

De um lado Vladimir Putin, sentindo-se ameaçado pelo poder das ideias de liberalismo do mundo ocidental, um Putin que reflecte sobre acontecimentos históricos passados entre a Rússia e a Europa. Mas será mesmo esta a ideia que está por detrás desta guerra? Ou será o facto de existir um estratega militar político que entende que quem controla o território ucraniano controla o mundo inteiro? O mundo evoluí cada vez mais para uma dependência energética, porque todos os recursos naturais têm (acredite-se ou não) um limite.

Se Putin tiver de escolher quem controla o gás, o gasóleo, a água e ainda os pontos estratégicos militares a sua escolha é evidente. Entre assistir e causar um genocídio ou se tornar dependente de outros ele vai escolher o genocídio e o massacre.

A realidade não é definida por outros ou outrem. A realidade é definida pelas nossas ideias. A partir daqui creio que o mundo ocidental deve repensar todas as ideias e formas de lidar com a ideia base, a ideia pilar criada por Putin onde todos fomos incluídos.

Vou construir um bünker estimado leitor,

Ainda que pensem que eu sou louca.

São as nossas ideias que nos protegem e nos defendem, são as nossas ideias que criam realidade.

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