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20 JUN 2022
OPINIÃO | "Tramagal Sport União", por António Carvalho
Por Jornal Abarca

A comemoração dos 100 anos do TSU ficou indelevelmente registada na minha cabecinha... Vi o meu nome registado numa “lápide”, sem ser a tumular, revi pessoas amigas que não via há 40 anos e “peguei” a COVID-19!

Se o coração também tivesse memória (dizem os sábios que não tem...) muito mais teria ficado registado. O que me vale é que as minhas memórias, estejam elas onde estiverem, guardam as boas e as menos boas recordações da minha passagem pelo Clube e depois pela MDF.

Casei para Tramagal em 1958, para o edifício escolar onde minha mulher dava aulas, junto ao largo dos Combatentes e da Sede do TSU. O marido da Sr.ª Professora, no entanto, continuou a trabalhar em Lisboa, no Aeroporto. Só em 1966, no ano em que nasceu o nosso sexto filho, entrei para a Fábrica e comecei a ser tramagalense de verdade.

Poucos em Tramagal sabiam que eu tinha entrado para sócio do Sporting em 1941, sido amigo do Travassos, tinha passado pelo Conselho Geral e saíra do Clube em choque com a direcção sportinguista. Criara entretanto relações de amizade com o Prof. Moniz Pereira que foi quem deu “instruções” para a composição do piso da pista de cinza do TSU, entretanto já construída.

Criou-se então a suspeita de que eu não gostava de futebol e de que iria “desviar” para o atletismo parte das verbas que a MDF destinaria ao Futebol. Foi a primeira “incompreensão”. Outras apareceram com o  25 de Abril...

O facto de ter sido um dos cerca de 20 sócios que aceitaram em 1974 fazer parte de comissões administrativas não me permitiu na altura desfazer essa atoarda, dadas as condições revolucionárias que se viviam, nem mais tarde quando fui dos últimos quatro sócios a aguentar o barco, na tempestade gerada pela crise da Metalúrgica: eu, o Luis Jerónimo, o Luís dos Santos e o João Júlio, estes últimos infelizmente já falecidos.

Puxando pelos meus galões de nonagenário amante de “futebol bem jogado”, penso ser das pessoas que em Portugal vêem futebol há mais tempo, no Sporting antes dos 5 violinos, sendo  capaz de recordar jogos internacionais inesquecíveis como os 10-0 da Inglaterra a Portugal em 1947.

Nos últimos tempos tenho sido muito crítico dos sistemas hoje em moda (442, 433, 4321, etc..) e estarei pronto a tentar explicar aos sócios, jogadores e técnicos do TSU, porque penso que a actual maneira de jogar é estúpida, feia e está matando a beleza do futebol.

Estou convencido de que as equipas que voltassem a jogar à “moda antiga”, com marcação homem a homem e preocupadas em marcar golos, teriam, pelo menos de início, larga vantagem sobre as que ficassem fiéis à marcação por zonas e a fazer passes e passinhos para manterem a posse da bola.

O melhor livro que conheço sobre futebol é do sociólogo Desmond Morris “A tribo do Futebol”, com uma edição de 2018, prefaciada por José Mourinho. Merece bem o preço que custa.

O Futebol como jogo predilecto de multidões, terá começado em Inglaterra, nos fins do século XIX, apadrinhado pelas empresas industriais a viverem já a Revolução Industrial e preocupadas com o despertar das reivindicações dos operários. Era uma maneira airosa e inteligente de os distrair. Que o “patrão” Eduardo tenha imitado os seus colegas ingleses só pode abonar os seus dotes de empresário de vanguarda.

Tramagal quando para cá vim era uma “aldeia”, mas uma aldeia conhecida em todo o Portugal, de Trás-os-Montes ao Algarve e invejada pelas “vilas” da nossa região. Mesmo em Abrantes, era notória a invejazinha que o TSU despertava... Não estará na nossa mão ressuscitar essa aldeia, nem, a curto prazo, promover o engrandecimento desportivo do TSU, mas creio que poderemos melhorar a situação actual se criarmos o hábito de conversarmos sobre os problemas que certamente afligem os dirigentes do Clube. Poderíamos começar por uma campanha de angariação de boas vontades junto da “diáspora” tramagalense.

Não sei por quanto tempo andarei por cá. Como ainda gosto de viver, procurarei prolongar as minhas férias no planeta Terra o mais possível. Espero por isso poder ainda contribuir com alguma coisinha para o engrandecimento desportivo do Tramagal, minha terra adoptiva.

Pela Verdade, A Bem da Nação, Unidos Venceremos

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