No dia 26 de Julho celebrou-se o Dia Mundial dos Avós, e em Abrantes a data foi assinalada com uma leitura para crianças na Biblioteca Municipal António Botto. A obra escolhida foi “Maria Nêspera” que através da analogia da árvore nos fala das raízes e da persistência da memória.
A manhã (suportavelmente) quente de 26 de Julho convidava a sair à rua e o município de Abrantes oferecia a avós e netos a possibilidade de se juntarem para um momento de partilha. A Biblioteca Municipal António Botto, junto ao Jardim da República, recebeu dezenas de crianças que assistiram à leitura do livro infantil “Maria Nêspera”. A iniciativa estava aberta a toda a comunidade, e convidava os avós a acompanharem os netos, mas devido à pouca adesão, a organização decidiu integrar na iniciativa as crianças do ATL da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola da Chainça.
As duas sessões, repartidas devido ao número de crianças presentes para assistir à leitura, decorreram na sala infantil da Biblioteca, sendo idênticas. O momento começou com uma conversa entre Sílvia Rodrigues, mediadora de leitura, e as crianças presentes como uma espécie de introdução do acontecimento.
Procurando ganhar confiança por parte dos mais pequenos, a mediadora falou das partilhas com os seus avós: “Adoro os carapaus de escabeche da minha avó, o meu avô Francisco tem uns olhos muito bonitos e eu digo que ele é o mais lindo do mundo, e a minha avó Joaquina vem sempre atrás de mim para me dar umas moedinhas”, partilhou. “E vocês, o que gostam de fazer com os vossos avós?”, dando voz às crianças.
As respostas foram as mais variadas, havendo os que referiram as brincadeiras, os que falaram das guloseimas que as avós preparam, até aos que destacaram actividades mais responsáveis como tratar da horta, cuidar dos animais ou – imagine-se! – “aspirar a casa”.
Maria Nêspera
A história escolhida para a leitura, executada por Sílvia Rodrigues, foi “Maria Nêspera” da autoria de Patrícia Martins e com ilustrações de Joana Miguel. A obra escolhida tem um significado próprio como explica a mediadora de leitura, remetendo para a sinopse da obra: “Conta a história de uma menina, da avó e de uma árvore muito especial, que as acompanha ao longo da vida. A menina adorava esta árvore, esconderijo e casa de brincadeiras. Mas o tempo passa e as coisas mudam, e só o que é forte permanece”.
O que permanece são, naturalmente, os afectos, as memórias de infância e ao as raízes. Tal como uma árvore que é semeada para mais tarde dar frutos, também a vida tem desses momentos. Para muitas destas crianças esta foi apenas mais uma história que ouviram; para algumas delas, daqui a uns anos, será uma recordação do dia em que lhes contaram a lição mais bonita que irão aprender ao longo da vida: os nossos avós são eternos.
No final da sessão de leitura as crianças visitaram a Biblioteca Municipal António Botto e o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes, inserido no mesmo edifício.
Formar Carácter
Foram poucos os avós presentes na sessão, mas Fernando e Filomena Silva fizeram questão de acompanhar o neto, prestes a completar quatro anos, neste momento: “A minha filha teve conhecimento da iniciativa” e decidiram participar.
Para o avô esta é “uma iniciativa bonita com a ideia de juntar as crianças para falar sobre os avós. É importante para o crescimento deles e ajuda a formar carácter”, acredita.
Costuma dizer-se que os avós são pais outra vez, mas com mais tempo e experiência. Fernando Silva concorda em absoluto e mostra-se feliz porque “o meu neto passa muito tempo connosco e eu gosto muito”.