Estamos no Verão! Quando escrevo as primeiras palavras desta crónica há fogos por todo o lado. E muitas notícias e entrevistas sobre fogos. Umas a favor e outras contra. A terra arde aqui bem perto!
Mas estamos no Verão. Quando eu era miúdo corríamos ao Castelo para ver os fogos, onde quer que eles estivessem a Norte. Era uma espécie de festa. E ainda hoje recordo o Eng. Bioucas (meu grande e eterno Amigo!) qual “Indiana Jones”, cruzando a cidade, dependurado no “jip” de comando dos bombeiros, meio atravessado, perna de fora, a partir para uma inacreditável jornada de perseguição ao fogo.
Nesse tempo os fogos eram normais! A Natureza a regenerar-se para fazer frente aos avanços dos que procuram (ainda hoje!... Destruí-la!...).
Hoje! A grande maioria dos fogos é criminosa (activamente: pelos incendiários perturbados; ou passivamente: por quem diz que vai fazer, mas não estabelece uma política florestal capaz de, se não! eliminar os fogos (o que já se viu que é impossível!) pelo menos de os retardar e tornar menos letais,…).
Mas não é sobre fogos que pretendo escrever nesta crónica. Embora este fosse um bom tema para escrever sobretudo sobre essa coisa que é descrita como o “conservadorismo rural”: e que trata de pessoas que, quase cinquenta anos depois de 1974 vivem no campo e pouco ou nada evoluíram, quando devia deviam ter sido criadas condições para que evoluíssem – e que hoje pouca mais “cultura” têm do que aquela que tinham os seus pais. Atenção! Estas pessoas fizeram a escola primária ao mesmo tempo que eu! Algo falhou na Democracia para estarmos neste estado calamitoso (é conversa para outra altura!...).
Mas,… estamos no Verão! A estação da preguiça. Falar de coisas sérias é para depois (lá dizem os anglo-saxónicos,…).
Entretanto, abro o computador. Aparece uma notícia a dizer que passaram seis anos sobre o “Golo do Éder”; e que o Éder foi poucas vezes convocado para a selecção depois desse golo!
Segundo algumas visões o golo do Éder, vista a posição do guarda-redes Loris, a geometria do campo e da baliza, não se tratou de um pontapé magistralmente executado, mas antes de num milagre! O mesmo que permite que o seleccionador ainda ande a fazer trejeitos pelos relvados e o Éder “apenas!” seja uma página (bem grande! ) do livro da História do Futebol Português!
Neste Verão, lendo a notícia sobre os seis anos passados sobre o Golo do Éder há uma certeza que parece invadir o meu pensamento: daqui a uns tempos, quando já não existir memória de mais ninguém o miúdo será lembrado, como o foi agora: em que muito se falou dele e pouco do resto, incluindo o “milagre”! Que o Golo foi!
Ao Golo do Éder, neste Verão –muito, extraordinariamente quente de 2022, só faltou uma coisa para ter sido mais do que um golo, um golo perfeito ou até um milagre: ter sido marcado por alguém que não ele; por alguém hábil em regressos audazes; alguém capaz de transformar golos marcado na própria baliza em golos marcados na baliza do adversário,…
Este é o sortilégio dos verões quentes: dão-nos a oportunidade de escrever coisas como se estivéssemos a dormir a sesta. Mas admitindo que acordámos entretanto convirá dar os parabéns ao Éder: o lugar dele, ninguém lho tira: nem o treinador que pouco acreditava nele e nunca mais o escolheu. Ingratos! É o que eles são,… O País mereceu o Golo do Éder?