Três séculos antes da era de Cristo o filósofo grego Aristóteles, preocupado com os raciocínios dedutivos, criou a Lógica Formal. A partir de duas afirmações, premissas, construía uma outra afirmação, conclusão, baseada naquelas. Assim nasceu o silogismo: a Lógica é um capítulo da Filosofia; a Filosofia é uma Ciência; logo, a Lógica é uma Ciência. A lógica é uma batata; a batata é um tubérculo; logo, a lógica é um tubérculo:
É evidente que as conclusões destes dois raciocínios, silogismos, não têm o mesmo valor de verdade. No primeiro caso ambas as premissas são verdadeiras logo, a conclusão também é verdadeira; no segundo caso uma das premissas é falsa logo, a conclusão também é falsa.
Podemos afirmar que a conclusão de um silogismo só é verdadeira se ambas as premissas forem verdadeiras; se, pelo menos, uma for falsa a conclusão é falsa.
Também por essa época, três séculos antes da era de Cristo, um matemático indiano, Pingala, criou o sistema binário de numeração, utilizando apenas dois dígitos o 0 e o 1. Este é sem dúvida o sistema numérico mais simples, pois as suas tabuadas referem apenas operações entre dois algarismos, logo são extremamente simples! Não foi este sistema que vingou, mas sim o nosso sistema decimal que utiliza dez dígitos cujas tabuadas são mais extensas logo, com mais dificuldade de memorização.
Mas por que razão o sistema binário não vingou?
Apenas por uma questão de rapidez de execução da escrita dos números e realização das operações! O número 13 no sistema decimal é escrito com 2 algarismos e no sistema binário é escrito com 4 algarismos – 1101. Imaginem só quantos algarismos precisaríamos para escrever o número 500.000 no sistema binário – 18 (111101000010010000), salvo erro nos meus cálculos!
Mas, há sempre um mas, a intrometida matemática, em meados do séc. XIX pela mão do matemático George Boole, criou a Álgebra de Boole que atribui a cada valor lógico Verdadeiro e Falso os valores 1 e 0 respectivamente! E estabeleceu operações entre estes valores sendo as mais importantes: E, OU, NÃO, na língua inglesa designadas por AND, OR, NOT. Estava criada a Lógica Binária!
A Electrónica que, a par da Matemática, se vai intrometendo em tudo, criou os mais importantes circuitos electrónicos correspondentes a estas operações da lógica de Boole: AND, OR, NOT. Imaginemos: há corrente no circuito – valor 1, não há corrente no circuito – valor 0.
Estavam criadas as máquinas electrónicas de calcular e os famosos computadores, para além de toda a parafernália de instrumentos electrónicos baseados na Lógica Binária e respectivos circuitos electrónicos a que vulgarmente se dá o nome de chips. Estes chips fazem milhões de operações por segundo, do que resulta trabalharem muito bem com o sistema binário.
Com os chips electrónicos que efectuam operações em sistema numérico binário, de acordo com as operações definidas pela Álgebra de Boole, temos a grande revolução tecnológica de finais do séc. XX e que se vai estender pelo séc. XXI e ...
Mas, como o Homem não deixa de pensar e tentar novas soluções para problemas mais ou menos velhos eis que surgiram novas dificuldades a vencer!
Já todos demos conta de que as previsões meteorológicas não são feitas com conclusões verdadeiras (V) ou falsas (F), logo não se adaptam à Lógica Binária.
Para a meteorologia e outras ciências foi criada a Lógica Difusa que, para além dos valores Verdadeiro – V e Falso – F conta com mais um valor – Possibilidade, isto é, a afirmação não é verdadeira nem falsa, é apenas possível!
Hoje há muitas nuvens no céu; muitas nuvens no céu, vai chover; conclusão, hoje vai chover. Sabemos que esta conclusão tanto pode ser verdadeira como falsa, mas é possível! Temos assim o novo valor da Lógica Difusa – Possibilidade que se traduz num grau de valor maior que 0 e menor do que 1 – Probabilidade.
Complicado? Não! Basta apenas “bater” na tecla real ou virtual.
E que mais nos estará reservado?