Todos os anos, por volta de 11-12 de agosto, a Terra passa por uma região do espaço onde existe quantidade enorme de pequenos grãos rochosos que, atraídos pela gravidade terrestre, entram na nossa atmosfera e produzem traços luminosos que sugeriram aos nossos antepassados de há séculos a ideia de serem estrelas a cair ou … a mudar de sítio. Habituámo-nos a esperar pelas “estrelas cadentes de agosto” e, em pleno verão, contemplar os traços luminosos (meteoros, como lhes chamam os astrónomos) mais ou menos intensos, a seguirmos as suas trajetórias e – se tivermos sentido de humor – a repetir sugestões antigas de que, se nesse momento “pedirmos um desejo”, ele se cumprirá sem qualquer intervenção adicional do “pedinte”.
Se é certo que a “chuva de estrelas cadentes de agosto” se repete todos os anos pela mesma ocasião, é menos frequente o que acontecerá na noite de 11 para 12 deste mês, no corrente ano: a coincidência do momento de maior intensidade da “chuva de estrelas” com uma Lua Cheia envolvida em circunstâncias que levaram a designá-la por “Super Lua”. Tal designação – que, do ponto de vista astronómico, pouco tem de especial - resulta do conhecimento (relativamente moderno) de que a distância entre a Terra e a Lua é variável ao longo de cada mês e da dedução lógica de que a Lua nos parecerá maior quando, em certa ocasião, passa pela fase de Lua Cheia num ponto mais próximo da Terra do que no mês anterior ou no mês seguinte.
Observar o nosso satélite natural, em fase de Lua Cheia, não revela a beleza de algumas crateras gigantes (com outras no seu interior), mostrando partes iluminadas e outras sombrias, mas oferece a possibilidade de, simultaneamente, se avistar toda a metade permanentemente voltada para a Terra. Um binóculo permite ver a Lua maior do que os olhos veem e identificar crateras notáveis, bem como os limites de alguns “mares” e – com alguma imaginação – “inventar” figuras de “um homem com um molho de silvas às costas”, por ter trabalhado ao domingo, ou um casal que cometeu o crime “de se beijar em público” e, por isso, castigados com exílio lunar, por divindades que, há muito, muito tempo, “mandavam” nas vidas das pessoas.
Apesar de se saber, antecipadamente, que o luar vai “apagar” os meteoros menos intensos, tem-se como certo que as imagens que poderemos registar – nas nossas mentes ou em máquinas fotográficas – constituirão motivo para não se perder ocasião tão rara (Super Lua em noite de “estrelas cadentes”), em noite de verão que, tudo indica, será de temperatura ambiente propícia a ficar, até tarde, de olhos postos no céu.
Super Lua, meteoros, anéis de Saturno e música
Nessa noite – 11 para 12 de agosto – o Centro Ciência Viva de Constância abrirá ao público desde as 21:30 até um pouco depois da meia noite e, para além de comentários sobre os dois acontecimentos, disponibilizará telescópios, binóculos e informações para que os participantes possam encantar-se com algumas das imagens, lendas e histórias que o céu tem para oferecer. Perto da meia noite, com a Lua já elevada, o planeta Saturno surge, a Este e, através de telescópios, mostrará os seus anéis, cada vez mais nítidos à medida que, também ele, se eleva e, por isso, se vai livrando das perturbações que a atmosfera da Terra sempre produz nas imagens de objetos celestes enquanto se encontram perto do horizonte. Entretanto, o grupo musical Pugna Tagi animará as cerca de três horas da atividade, entrecortando a sua atuação com momentos de disponibilidade para que também os respetivos elementos se maravilhem com algumas das imagens que Super Lua, “estrelas cadentes” e anéis de Saturno vão proporcionar e, certamente, juntar-se a outras memórias agradáveis.