Por inerência de funções que desempenho na Direção da Associação de Futebol de Lisboa e na senda de uma política de proximidade com os nossos clubes filiados, marquei presença no pretérito mês de julho na cerimónia evocativa do 50.º aniversário do Grupo Recreativo e Desportivo MTBA, coletividade do concelho de Sintra. Nada de relevante daí adviria não fosse considerar estarmos perante um exemplo no mapa desportivo em termos daquilo que é o panorama nacional do nosso tecido associativo, repito, na área desportiva. Pelo facto de ser incomum, o que justifica a sua abordagem neste escrito.

Mais conhecido pela sigla MTBA, o clube em causa foi fundado em 1970, segundo apurei, pela vontade de um barbeiro em congregar crianças e jovens de alguns lugares na prática do desporto, em particular do futebol. E foi assim que se deu a génese do MTBA, precisamente as iniciais das quatro localidades - Magoito, Tojeira, Bolembre e Arneiro dos Marinheiros - que se uniram para fundar um clube que é hoje reconhecido como o mais eclético do concelho de Sintra, várias são as modalidades que disponibiliza a centenas de crianças e jovens, para além de outras atividades de índole cultural que dinamiza.

Ora, o que surpreende nesta situação, é o facto de quatro localidades distintas, certamente cada uma com a sua identidade, mas vizinhas, terem logrado criar um clube, unindo-se as mesmas através da prática desportiva e não só, sem bairrismos pacóvios, mas sim congregando esforços, fazendo da união o fundamento da sua existência e certamente da sua já considerável longevidade.

Um exemplo evidente daquilo que é a potenciação e promoção do associativismo e da proximidade que favorece todos aqueles residentes naquelas quatro comunidades, pese embora a sua área de influência já se estenda para além das mesmas, numa perspetiva de reunião de esforços e da otimização de recursos que tal origina, na área do desporto e da cultura.

Questionará o estimado leitor de trazer esta “história” à colação quando a mesma em nada diz respeito à região de Abrantes e limítrofes. Fi-lo, porque se trata de um exemplo que há muito podia e devia ter sido seguido em algumas das nossas aldeias. Porque me recordo de alguns casos em que na mesma aldeia coabitavam dois clubes de futebol, dois ranchos folclóricos, duas bandas musicais e atualmente…. o que existe? Pouco ou nada. Porquê? Porque simplesmente não tiveram a visão, a estratégia, enfim, o espírito de união de que o MTBA é exemplo.

Apenas isso!