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23 AGO 2022
OPINIÃO | "Insuportável", por Paula T. Gonçalves
Por Jornal Abarca

Estimado leitor, hoje é a primeira vez que escrevo sem inspiração. Não sei se isto faz parte dos efeitos pós corona, se isto é efeito de um conjunto de turbulências que se tem passado na minha vida (falecimento da minha mãe, morte de dois animais de estimação, perda do meu antigo trabalho em Abril, roubos cibernéticos) mudança de residência… a verdade é que nos últimos tempos se tem passado tantas coisas que a vida sabe de certa forma a algo azedo e indefinido. Sinto-me neste momento como se fosse o preço da gasolina: insuportável.

Mas a verdade é que nenhum artista, escritor, criador, nada consegue fazer sem esse elemento primário invisível que permite começar qualquer tipo de tarefa ou de actividade.

Ontem à noite vi um filme de terror intitulado «Sinister» que contava curiosamente a história de um novelista de livros de histórias de terror. O personagem tinha a mania de se deslocar e ir viver em casas onde histórias de terror e assassinatos aconteciam para melhor poder sentir o horror e a perplexidade do conto… mas parece que desta vez o tal personagem não teve a mesma sorte em relação à escritura do livro que esperava ser um sucesso…

Mas o que me fez pensar e refletir mais sobre este filme foi sem dúvida a certeza de que muitos criadores precisam de ter algum tipo de sofrimento, dor, perplexidade, sonho, incongruência para poder criar… e eu no meu lugar de uma humilde cronista anónima penso nos excessos cometidos para poder talvez atingir esse auge e penso na ironia ridícula desta situação: Eu, Paula T. Gonçalves vejo um filme de terror (que por acaso detesto) para ver se consigo sentir alguma coisa e do outro lado da tela está o personagem escritor que se submete a vivenciar cenas de crimes hediondos e leva a própria família a viver nesses locais, como se o sinistro fosse mesmo esse tal ofício que todos tivemos de suportar….

Estimado leitor, salvem-me deste círculo vicioso da procura de inspiração. E no futuro se quiserem escrevam-me cartas e enviem-me mensagens. Vamos ser românticos juntos outra vez. Digam-me o que vocês fazem para ter energia e inspiração para o dia que vai surgir. Partilhem as vossas dicas comigo, prefiro ouvir os leitores do que ver um filme de terror e no final achar que o personagem é aquele americano ridículo que tem a mania que sabe tudo… e depois bem mesmo antes desse filme terminar ter uma espécie de conclusão fulminante e me rever de certa forma simultaneamente no personagem.

Escrevam-me por favor.

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